1. O que é texto?
O texto é “um conjunto de palavras, frases escritas” que objetiva a transmissão de uma mensagem, uma idéia ou até mesmo a presença de uma definição a respeito de uma temática, e também “é toda unidade lingüística e semântica de comunicação”. Vale lembrar que a unidade, referente às partes de um texto, é formada através da coesão e coerência textual.
A função do texto é estabelecer uma relação entre o autor e seu interlocutor. Todavia, podemos estabelecer uma metáfora através do verbo “tecer”, que por sua vez, no processo de formação de palavras, gerou a palavra texto, trazendo para nós a denotação de “costurar”, tecer, reunir idéias, a fim de construir o seu próprio sentido.
2. Tipologia textual.
Existem três tipos de textos mais conhecidos, os quais são denominados como narrativo, descritivo e dissertativo.
A narração tem a função de apresentar, contar uma história a partir de um contexto situacional através dos elementos que a constitui.
Os elementos narrativos são: enredo (história), narrador (observador, personagem), personagens (principal, antagonista), tempo (cronológico, psicológico) e o espaço (real, imaginário). Observe o exemplo:
TRAGÉDIA BRASILEIRA
(Manuel Bandeira)
A descrição é um tipo de texto que “precisa de parâmetros quantitativos e qualificativos os quais buscam fornecer uma definição de alguma coisa”. Os detalhes podem ser atribuídos a um sujeito específico ou a um objeto observado. Por conseguinte, é muito comum, a narração e a descrição trabalharem juntas e o importante é saber os traços que diferem um sujeito ou um objeto de outros. Leia o exemplo a seguir:
A casa materna
"Há, desde a entrada, um sentimento de tempo na casa materna. As grades do portão têm uma velha ferrugem e trinco se oculta num lugar que só a mão filial conhece. O jardim pequeno parece mais verde e úmido que os demais, com suas plantas, tinhorões a samambaias que a mão filial, fiel a um gesto de infância, desfolha ao longo da haste.
É sempre quieta a casa materna, mesmo aos domingos, quando as mãos filiais se pousam sobre a mesa farta de almoço, repetindo uma antiga imagem. Há um tradicional silêncio em suas salas e um dorido repouso em suas poltronas. O assoalho encerado, sobre o qual ainda escorrega o fantasma da cachorrinha preta, guarda as mesmas manchas e o mesmo taco solto de outras primaveras. As coisas vivem como em prece, nos mesmos lugares onde as situaram as mãos maternas quando eram moças e lisas. Rostos irmãos se olham dos porta-retratos, a se amarem e compreenderem mudamente. O piano fechado, com uma longa tira de flanela sobre as teclas, repete ainda passadas valsas, de quando as mãos maternas careciam sonhar.
A casa materna é o espelho de outras, em pequenas coisas que o olhar filial admirava ao tempo que tudo era belo: o licoreiro magro, a bandeja triste, o absurdo bibelô. E tem um corredor à escuta de cujo teto à noite pende uma luz morta, com negras aberturas para quartos cheios de sombras. Na estante, junto à escada, há um tesouro da juventude com o dorso puído de tato e de tempo. Foi ali que o olhar filial primeiro viu a forma gráfica de algo que passaria a ser para ele a forma suprema de beleza: o verso.
Na escada há o degrau que estala e anuncia aos ouvidos maternos a presença dos passos filiais. Pois a casa materna se divide em dois mundos: o térreo, onde se processa a vida presente, e o de cima, onde vive a memória. Embaixo há sempre coisas fabulosas na geladeira e no armário da copa: roquefort amassado, ovos frescos, mangas espadas, untuosas compotas, bolos de chocolate, biscoito de araruta – pois não há lugar mais ´propício do que a casa materna para uma boa ceia noturna . E porque é uma casa velha, há sempre uma barata que aparece e é morta com uma repugnância que vem de longe. Em cima ficaram guardados antigos, os livros que lembram a infância, o pequeno oratório em frente ao qual ninguém, a não ser a figura materna, sabe por que queima, às vezes, uma vela votiva. E a cama onde a figura paterna repousava de sua agitação diurna. Hoje, vazia.
A imagem paterna persiste no interior da casa materna. Seu violão dorme encostado junto à vitrola. Seu corpo como se marca ainda na velha poltrona da sala e como se pode ouvir ainda o brando ronco de sua sesta dominical. Ausente para sempre da casa, a figura paterna parece mergulhá-la docemente na eternidade, enquanto as mãos maternas se faziam mais lentas e mãos filiais mais unidas em torno da grande mesa, onde já vibram também vozes infantis."
(Vinícius de Morais)
Auto-Retrato
"Eu sou um menino maior que muitos e menor que outros. Na cabeça tenho cabelo que mamãe manda cortar muito mais do que eu gosto e, na boca, muitos dentes, que doem. Estou sempre maior que a roupa, por mais que a roupa do mês passado fosse muito grande. Só gosto de comer o que a mãe não me quer dar e ela só gosta de me dar o que eu detesto. Em matéria de brincadeiras as que eu gosto mais são as perversas, mas essa minha irmãzinha grita muito."
(Millôr Fernandes)
O texto dissertativo é mais comum nas bancas dos vestibulares e será o primordial em nossos estudos no Pré-Vestibular Social (PvS). Este tipo de texto visa apresentar informações a respeito do tema ou o convencimento por parte de um emissor para um interlocutor, mesmo que o interlocutor não seja divulgado, como ocorre na maioria das vezes, como no texto abaixo:
Aquilo por que vivi
" Três paixões, simples, mas irresistivelmente fortes, governaram-me a vida: o anseio de amor, a busca do conhecimento e a dolorosa piedade pelo sofrimento da humanidade. Tais paixões, como grandes vendavais, impeliram-me para aqui e acolá, em curso, instável, por sobre o profundo oceano de angústia, chegando às raias do desespero.
Busquei, primeiro, o amor, porque ele produz êxtase – um êxtase tão grande que, não raro, eu sacrificava todo o resto da minha vida por umas poucas horas dessa alegria. Ambicionava-o, ainda, porque o amor nos liberta da solidão – essa solidão terrível através da qual nossa trêmula percepção observa, além dos limites do mundo, esse abismo frio e exânime. Busquei-o, finalmente, porque vi na união do amor, numa miniatura mística, algo que prefigurava a visão que os santos e os poetas imaginavam. Eis o que busquei e, embora isso possa parecer demasiado bom para a vida humana, foi isso que – afinal – encontrei.
Com paixão igual, busquei o conhecimento. Eu queria compreender o coração dos homens. Gostaria de saber por que cintilam as estrelas. E procurei apreender a força pitagórica pela qual o número permanece acima do fluxo dos acontecimentos. Um pouco disto, mas não muito, eu o consegui.
Amor e conhecimento, até ao ponto em que são possíveis, conduzem para o alto, rumo ao céu. Mas a piedade sempre me trazia de volta à terra. Ecos de gritos de dor ecoavam em meu coração. Crianças famintas, vítimas torturadas por opressores, velhos desvalidos a construir um fardo para seus filhos, e todo o mundo de solidão, pobreza e sofrimentos, convertem numa irrisão o que deveria ser a vida humana. Anseio por avaliar o mal, mas não posso, e também sofro.
Eis o que tem sido a minha vida. Tenho-a considerado digna de ser vivida e, de bom grado, tornaria a vivê-la, se me fosse dada tal oportunidade. "
(Bertrand Russel, Autobiografia. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1967.)
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ResponderExcluirOi professor!Sou uma das 6 Jéssicas que há na turma 2 do PVS de Itaocara rsrs,parabéns pelo blog,o conteúdo está bem simplificado e de fácil entendimento!Sua aula é óóóótima =)
ResponderExcluirPena que vc não ficou como meu tutor,mas tá valendo!
meu e-mail é:jessik.mota@hotmail.com
Bjs
Ooiie Leandroo! '')
ResponderExcluirAki eh a Danielle, aluna do Polo de Itaocara,
Passando so pra falar que seo Blog ta shoow,
Parabéns..
Beijoos! ;*
Oi Leandro, aki é mais uma aluna do Polo de Itaocara, passei tbm pra dizer q achei o blog muito bom, interessante, tá show !
ResponderExcluirParabéens aew !
Beeijão :)
e ae blza
ResponderExcluirso passando pra parabenizar vossa senhoria (rsrs) pelo blog e pedir uma moralzinha ae
amilneyjunior.blogspot.com(se gostar pode divulgar)
p.s.: sou do pólo de Itaocara Amil Ney Júnior